POBREZA EXTREMA EM ÁFRICA CRESCEU 71% ENTRE 1990 E 2023

A Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) prevê que o crescimento das economias africanas acelere para 3,5% este ano e 4,2% em 2025, depois de ter registado um abrandamento nos últimos dois anos.

Segundo uma apresentação feita pela economista-chefe e secretária executiva adjunta, Hanan Morsy, “o crescimento económico em África decaiu para 2,8% em 2023, face aos 3,1% em 2022, devido ao aperto da política monetária, procura limitada das exportações africanas e impacto da guerra na Ucrânia, mas prevê-se que a expansão económica acelere este ano, para os 3,5%, e chegue aos 4,2% em 2025”.

Falando na conferência dos ministros das Finanças, Planeamento e Desenvolvimento Económico, que decorreu em Victoria Falls, no Zimbabué, Hanan Morsy apresentou os principais indicadores económicos para a região, estimando uma descida da inflação, de 18,3% no ano passado, para 14,5% este ano e 10,6% em 2025, devido “à manutenção dos apertos na política monetária e preços elevados no sector alimentar e energético”.

A UNECA estima que, num contexto de desvalorização das moedas nacionais, os custos com a dívida tenham aumentado e as economias tenham sido prejudicadas pelas múltiplas crises que afectam o continente.

“Estas múltiplas crises que temos enfrentado continuaram a perpetuar e exacerbar os níveis de pobreza, desigualdade e desemprego, com 476 milhões de pessoas a passar por pobreza extrema, o que é um aumento de 71% face ao que se registava em 1990”, disse Hanan Morsy.

A economista sublinhou que “o número de pessoas que estão vulneráveis à pobreza extrema aumentou 28% entre 2019 e 2023, o que aumenta o desemprego e a desigualdade de género”.

Entre as principais recomendações políticas, a UNECA salienta a mobilização de mais recursos domésticos e a introdução de mecanismos inovadores de financiamento, através da construção da capacitação, fortalecimento institucional, promoção de reformas fiscais, utilização de tecnologia digital e a introdução da tributação ambiental.

A reunião do comité de peritos africanos decorreu em Victoria Falls, sendo seguida de eventos laterais durante este fim de semana, e termina com a reunião dos ministros com as pastas das Finanças, Planeamento e Desenvolvimento Económico.

FOME PODE MATAR 123 MILHÕES DE AFRICANOS

Por sua vez, o chefe de divisão no Departamento Africano do Fundo Monetário Internacional (FMI), Luc Eyraud, disse no dia 15 de Outubro de 2022 que, desde 2019, cerca de 40 milhões de pessoas engrossaram o número de africanos que podem morrer de fome, para um total de 123 milhões que, com a barriga vazia, têm a morte todos os dias à espera. de barriga.

Nesta matéria, Angola (ainda) pertence a África? Pertence se se considerar o povo que continua a ser gerado com fome, nasce com fome e morre pouco depois com… fome. Não pertence a África se se considerar o nível de vida dos seus dirigentes, todos há 49 anos do MPLA. Enquanto a esmagadora maioria come, quando come, peixe podre e fuba podre, os dirigentes deleitam-se com trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas e umas garrafas de Château-Grillet.

“A insegurança alimentar é muito preocupante, o número de pessoas em severa insegurança alimentar subiu para 123 milhões; há muitos conceitos sobre má nutrição, insegurança alimentar extrema, mas o que isto significa é que correm risco de vida, há famílias a morrer porque não têm comida suficiente, e o número aumentou massivamente nos últimos três anos, uma em cada três destas pessoas entrou nesta situação desde 2019”, disse Luc Eyraud.

A propósito das perspectivas económicas para a região da África subsaariana, o director de divisão do FMI afirmou que há muitas razões para a degradação das condições alimentares de boa parte dos países em África, mas salientou as perturbações na cadeia de abastecimento e o aumento de preços, além do impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia e da evolução cambial das moedas africanas.

“Como os preços são em dólares, a inflação sente-se mais nestes países, e as alterações climáticas criaram a maior seca dos últimos 40 anos no Corno de África, por isso juntando todos estes factores, ficamos com uma preocupação enorme”, afirmou o responsável.

Questionado sobre o que podem os países africanos fazer para contrariar a situação, Luc Eyraud disse que, a curto prazo, as transferências de capital para as famílias são fundamentais, mas salientou que a ajuda não pode ser permanente.

“O que aconselhamos a curto prazo é um sistema de transferências sociais bem estabelecido, como acontece em Portugal, mas em África é muito difícil fazer isto, não só pela falta de infra-estruturas, mas também pelo peso do sector informal na economia, o que acaba por fazer com que toda a gente tenha subsídios e beneficie dos cortes de impostos sobre a energia e os alimentos”, explicou.

“Temos de reconhecer que é legítimo usar estes mecanismos em situação de emergência, mas dadas as vulnerabilidades das finanças públicas, estas ajudas não podem ser permanentes, e esse é o maior desafio: ajudar, sim, mas reconhecer que as ajudas são muito caras e não são direccionadas especificamente para quem delas mais precisa”, apontou.

A médio prazo, acrescentou, África precisa de “aumentar a produção alimentar, mas apostando em medidas e técnicas que sejam resilientes às alterações climáticas, por exemplo utilizando novos tipos de sementes”.

No princípio de 2020, o FMI canalizou cerca de 50 mil milhões de dólares (51,12 mil milhões de euros) para os países da África subsaariana, incluindo 23 mil milhões de dólares (23,51 mil milhões de euros) em Direitos Especiais de Saque, e tem programas de assistência financeira em 22 dos 45 países da região.

O FMI lançou a janela de financiamento contra choques, o Fundo de Resiliência e Sustentabilidade, que permitirá aumentar o capital disponível para os países em necessidades, calculado em função de um aumento de 50% sobre o valor que podem pedir emprestado ao FMI, que é actualmente 150% da quota de participação na instituição.

“É um montante decente de verbas que podem dar uma ajuda significativa”, disse, salientando que o valor depende de país para país.

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